Pesca Artesanal com Alcatruzes
É uma arte de pesca que utiliza uma espécie de potes (chamados “alcatruzes”), específicos para a captura do polvo e muito usados no Sotavento Algarvio (Santa Luzia, Fuzeta e Olhão).
A arte é constituída por uma linha “madre” onde os alcatruzes são fixados a intervalos regulares. Cada teia deve ter só 72 alcatruzes e cada embarcação deve usar só 4 teias, que são fundeadas paralelas à costa.
Nos extremos da teia são colocadas bóias, o que permite a sua localização.
Os alcatruzes podem ser iscados com berbigão ou mexilhão, ou podem não ter isco.
Os alcatruzes (potes ou vasilhas) de barro, podem ter três dimensões: 21 centímetros de altura por 10 cm de diâmetro, 20 cm por 10cm e 32 cm por 13 cm.
A Murejona
Trata-se de um aparelho artesanal de pesca em forma de armadilha: dentro, são colocados pedaços de peixe, ou berbigão partido que atraem peixes e polvos que, uma vez lá dentro, muito dificilmente conseguem escapar.
Os Covos
É uma das artes de pesca tradicional ainda praticada. Destina-se em particular à captura de polvo, uma espécie com elevado valor comercial e com peso significativo no esforço de pesca local.
Os covos são o tipo mais comum da chamada “pesca de armadilha”. Trata-se de uma arte “passiva”, uma vez que é o próprio animal que procura o dispositivo, para refúgio ou procura de alimento, mas depois dificilmente consegue escapar. Dadas as características da armadilha, apenas os animais adultos ficam presos, o que torna esta pesca uma arte pouco predadora.
A Pesca Artesanal do Atum
Desde os mais recuados tempos históricos a costa algarvia foi procurada pela sua abundância em peixe. Um dos mais procurados seria o atum (Thunnus thynus L.) sobretudo durante a ocupação romana e mais ainda na dos árabes, que nos teriam legado o sistema de armação fixa no mar, conhecida por almadrava ou almadrabilha.
Admite-se que, no litoral algarvio, seriam lançadas 42 armações, duas das quais, a do Ramalhete e a de Farrobilhas, defronte da actual Quinta do Lago, onde o mar teria 20 metros de profundidade.
A armação era constituída por um corpo central de onde nasciam três pernadas em forma de Y, uma virada para o mar largo e as outras duas em direcção NW e NE. Nas armações do Barlavento não era costume armar-se a de NE, pois só se apanhava “atum de direito”, isto é, o que rumava para o Mediterrâneo. No Sotavento, a meio da época de pesca, que ia de Abril a Setembro, armava-se a “pernada de NE” para também se capturar o “atum de revés”, que regressava já da desova naquele mar, e o de “recuado”, que, por causas diversas, voltava para trás sem entrar no Estreito de Gibraltar.
No corpo central é que se situavam a “câmara”, o “bucho” e o “copo”; nesta última parte era efectuado o arpoamento dos atuns entrados nos compartimentos anteriores, normalmente animais com mais de 3 metros de comprimento e 750 kg de peso.
O número máximo de atuns capturados atingiu os 42.000 unidades em 1881, na armação do Medo das Cascas, em Tavira.
A armação possuía embarcações próprias, com calões, lanchas e barcas, e uma “companha” de cerca de uma centena de homens, que viviam em instalações precárias chamadas “arraiais”, onde se concentrava todo o apoio logístico necessário a este tipo de pesca.