A Ilha da Fuzeta, em Olhão, vai acolher a partir desta quarta-feira e até à próxima sexta a equipa de filmagens do filme «Yakun», uma curta-metragem com forte sabor algarvio.
O jovem realizador André Badalo, que cresceu naquela localidade algarvia, regressa a casa, mas também à infância, e vai dar a conhecer ao mundo uma lenda algarvia e o falar das gentes de Olhão.
André Badalo fez questão de recrutar um olhanense de gema, com pronúncia incluída, para fazer parte do elenco, num papel de destaque. Além disso, a produção conta com apoio da autarquia olhanense, da Junta de Freguesia da Fuzeta e de empresas do concelho.
«Este é um filme de suspense, que se baseia na lenda do menino sem sombra. Acaba por ser a história do Peter Pan invertida, já que este último tenta apanhar a própria sombra», disse André Badalo, numa conferência de imprensa onde o filme foi apresentado.
«Esta referência à história do Peter Pan permitirá ao público criar logo uma certa empatia, pois todos conhecem a personagem. Mas, ao longo do filme, esta relação será destruída, aos poucos», revelou.
O enredo, com contornos negros, é vivido por um grupo de amigos que decide passar uma temporada numa das ilhas-barreira da Ria Formosa. Com eles vai um jovem, interpretado pelo olhanense José João Pereira, que demonstra ser bem mais do que aparenta, à primeira vista.
O jovem olhanense, que foi escolhido num casting que decorreu na passada semana, vai poder contracenar com alguns nomes bem conhecidos do grande público. Victoria Guerra, Rui Porto Nunes, Jessica Athayde e João Manzarra já estão em Olhão e vão dar vida ao grupo de amigos. Pelo meio, prometeu André Badalo, haverá espaço para um triângulo amoroso, que deixa João Manzarra de fora.
O apresentador de televisão foi escolhido com um propósito específico, confessou o realizador. «O João tem o seu quê de ternurento (risos). Precisava de alguém com quem o público se identificasse imediatamente», referiu.
Já a Rui Porto Nunes, André Badalo vê-o «como uma espécie de James Dean», o que justifica a sua escolha para centro de um triângulo que inclui Victoria Guerra e Jessica Athayde, reconhecidas beldades da cena televisiva nacional.
«Vamos filmar com o elenco todo até sexta-feira e filmaremos mais dois dias só com o José João. A vista da casa da personagem que ele interpreta é quase a mesma que eu tinha na casa onde cresci», disse André Badalo.
O realizador confessa que esta experiência acaba por ser «um pouco um regresso à infância», onde não faltarão memórias do passado, cedidas pelo Museu do pescador da Fuzeta, que também apoia a produção. Esta é a primeira vez que André Badalo filma no Algarve.
Já o Vereador da Cultura da Câmara de Olhão António Pina frisou os apoios conseguidos de empresários locais, no espaço de apenas uma semana.
«Quando o André nos abordou a pedir apoio, tivemos de puxar pela cabeça. Esse apoio chegou d restaurante Horta, da Conserveira do Sul e do Real Marina Hotel», contou.Do repertório de André Badalo fazem parte filmes como História de Papel (com Diogo Infante e Lúcia Moniz), curta-metragem que venceu o Prémio de Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Varsóvia, Shoot Me (com Maria João Bastos e Ivo Canelas), curta-metragem que venceu o Prémio de Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Milão eCatarina e os Outros (com Victoria Guerra e Maria João Bastos), curta-metragem que venceu o Prémio de Excelência no Los Angeles Movie Awards 2011.
Como moradora no Núcleo dos Hangares sinto orgulho em poder dizer que parte do filme Yakun”, do jovem realizador Algarvio André Badalo, foi rodado no pedaço de “areia”onde o meu marido nasceu e cresceu.
Eu, e os meus familiares, como Algarvios que somos, desejamos tanto ao Realizador, como a todos intervenientes, na curta-metragem, o maior sucesso,
No entanto, a imagem deixada pela equipa de filmagem, no Núcleo dos Hangares, em relação aos moradores não foi a mais simpática.
Povo humilde, sério e trabalhador, mereciam mais respeito.
Nada custava à equipa, dar uma palavrinha amável, e colocar as intenções porque ali estavam. Certamente teriam muito mais apoio da população da que tiveram.
Foi com alguma arrogância que a equipa dava ORDENS, à população para se recolherem em casa, inclusive quase que exigiam que se desligasse de dia os geradores (não temos energia eléctrica, nem água canalizada) quando abastecíamos os depósitos de água, que dão acesso às nossas casas.
Mas, o mais grave foi quando na madrugada de 26 para 27 de Setembro de 2011. Às quatro da madrugada, sem aviso prévio, e, mesmo em frente à minha residência, se lembraram de iniciar a rodagem do filme, dando gritos horrorosos.
A essa hora… como é óbvio, a população está descansando. Esta situação podia trazer consequências graves.
O meu marido, doente cardíaco, e ex combatente de Angola…ao ouvir tais gritos…indignado e assustado dirigiu algumas palavras. A equipa, aborrecida respondeu: Agora…temos que repetir a cena, (sem se preocupar com o que poderia ter acontecido).
A toda a equipa, deixo um conselho… um bocadinho de humildade…
Mais uma vez, desejamos o maior sucesso, ao Realizador, e a todos que participaram neste filme.
Que a Lenda Algarvia, possa ser conhecida lá fora.
Rosa Neves